Perante as eleiçons ás Cortes do Estado, o que se nos apresenta (a mais das vezes nos ecráns da TV) como as eleiçons mais abertas que nunca existirom, resultam ser as eleiçons que marcam a consolidaçom do chamado “régimem do 78” no panorama eleitoral estatal. Nengumha das 4 forças eleitorais que se presume vam ser maioritárias (PP, PSOE, Ciudadanos, Podemos) questiona os alicerces que o sustentam: todos aderem já, se algumha vez parece que nom o figéram, o relato dumha “Transiçom” exitosa, que há que celebrar e agradecer em atos institucionais. Um régimem que precisa retoques e quiçá umha reforma constitucional, sim, mas nom um questionamento global dum texto que nega os direitos nacionais, que fai papel molhado os direitos sociais ou que consagrava a Monarquia borbónica. Para todos eles; a OTAN, garantia de defensa; a UE, o único caminho possível: o “sentido comum” e a “hegemonia” sistémica da que Gramsci falara e que alguns invocam, intocada e garantida.
O reconhecimento do direito de autoderminaçom, em caso de aparecer, é diluido em “decidir tudo”, como reconhecimento ritual e formal contra o que se trabalha na prática; nada novo no caso da esquerda espanhola, ou agora no novo patriotismo populista espanhol que inaugura em Cádiz a campanha eleitoral. Na Galiza, os aliados apresentam o programa de Podemos como se for o próprio dizendo que “nom se quer romper nada” (como os malvados cataláns, faltou engadir). A única mudança no panorama, pois, resulta a renúncia de algúns a qualquer acumulaçom no país, servindo ao final como garantia de mantemento dun statu quo irreformável, ao precisarem-se maiorias que nom existirom nem vam existir no Estado: “Galiza nom pode soa”, polo que há que encomendar-nos a futuras e fantasiosas concessons vindas de Madrid.
Nom resulta estranho pois o apagamento, numha campanha mais mediática do que nunca, que sofrem as únicas alternativas viáveis de ruptura no Estado espanhol: as esquerdas soberanistas dos povos. Mas entom, se o Congresso dos Deputados é um cenário irreformável, onde nunca poderemos ter umha correlaçom de forças favoráveis, qual é a funçom de estarmos presentes? Muitas vezes comete-se o erro de igualar a presença numhas eleiçons com eleitoralismo: subordinar tudo aos resultados eleitorais é bem distinto de concorrermos a elas, da mesma maneira que aplicar receitas válidas em certos contextos nom tem porque resultar num outro bem distinto.
Nom temos mais que reflectir em como as esquerdas soberanistas do Estado afrontam de maneira distinta estas eleiçons. A maioria relativa ou nom do soberanismo num país ou noutro, a posiçom de cada agente eleitoral próprio em cada país e fundamentalmente os distintos pontos em que se encontram os processos de libertaçom nacional e as distintas conjunturas determinam as atuaçons em Euskal Herria, Catalunya ou Galiza.
Na Galiza, onde o movimento nacionalista a nível eleitoral é minoritário e onde a consciência nacional está menos desenvolvida, e em situaçom de fragilizaçom contínua; algo favorecido também por aqueles que alimentam o auto-ódio na forma de assumir supostas incapacidades que antes combatérom, renunciar à visibilizaçom que oferece o cenário (na literal aceiçom de tribuna teatral, já que grande parte do poder real nom reside ali) do Congresso dos Deputados seria umha estratégia fondamente equivocada.
A aposta por irmos às Cortes do Estado é, no fundo, umha aposta arredor de nós. Umha proposta para defender Galiza: para defender a classe trabalhadora galega e o conjunto das classes populares, para funcionar de altofalante que diga que esta Constituiçom e este Estado nom nos vale e que precisamos soberania e umha República Galega. Para dizer-lho fundamentalmente aos galegos e galegas, sem desprezar termos umha tribuna diante doutros povos.
Levarmos todas as problemáticas pontuais e estruturais do nosso país, sabendo que nom poderemos arrancar das maos deste Estado muitas vitórias, mas conseguindo socializar a sua necessidade, e clarificando como muitos problemas nom têm soluçom enquanto o nosso país nom tenha soberania. Fazermos isto com todas as reivindicaçons que podamos, atuando desde a rua e tambén ali, sabendo que é na Galiza onde temos que construir a maioria acumulando forças para emprender, unilateralmente, o nosso caminho cara umha nova ferramenta estatal ao nosso serviço como povo e classe. Umha hegemonia construida pois, em todos os campos sociais, algo que durante décadas tentou fazer o soberanismo galego, com maior ou menor êxito: construír um movimento nacional-popular em todas as esferas da vida social que atue o mais coordenadamente possível, para transformarmos de raíz Galiza. É pois umha tarefa imensa mas é a tarefa real além de concorrências eleitorais.
Perante esta situaçom complexa no país mas com expectativas de ruptura no Estado provocadas polo soberanismo, onde polo tanto esse será um debate central, a expressom maioritária do nacionalismo galego, o BNG, tem renunciado nesta ocasiom à presença da sua sigla particular em aras do bem geral, na procura da maior unidade possível en torno a um programa de defesa de Galiza e as suas classes populares. Com erros e com dificuldades, sim, mas som eivas de quem tenta construír por riba dos interesses imediatos mas sempre arredor de Galiza, nestas eleiçons, arredor de Nós-Candidatura Galega.