Jogar em campo alheio

A raiz das recentes crises e recomposiçons no campo soberanista, voltárom à luz debates que ficaram felizmente superados no nacionalismo há décadas, como som o da auto-organizaçom, a política de alianças ou o marco de luita.

No campo eleitoral as diferentes apostas que estám em jogo som já bem claras, mas depois da mobilizaçom estatal do 22-M pretende-se transplantar ao plano da mobilizaçom social essa mesma estratégia de dissoluçom das luitas do nosso povo em dinámicas espanholas. Só assim se explica o papel jogado pola exígua mas tam publicitada presença galega em Madrid, da que figérom parte também sectores enquadrados no soberanismo.

Apesar do seu êxito quantitativo, como era previsível a manifestaçom do 22-M ficou hegemonizada polas consignas, a simbologia e em geral a estratégia da esquerda espanhola, que tem um discurso pouco compatível co de quem desde os povos oprimidos estamos a combater este regime no caminho da sua ruptura. Por isso nom surpreende que a imensa maioria de organizaçons da esquerda soberanista do estado nom participassem ou se limitassem a enviar o seu apoio solidário e internacionalista a umha mobilizaçom onde a sua presença activa ia servir só para achegar umha pequena nota de cor legitimadora de projetos políticos alheios.

O debate nom é tanto sobre se ir ou nom a Madrid (ou onde for), mas de saber para que e com que discurso e objetivos. De feito, Nunca Máis manifestou-se em Madrid em 2003, e mais recentemente, em 2011 figerom-no conjuntamente CIG, ELA e LAB. A diferença qualitativa foi o conteúdo nacional dessas mobilizaçons, e portanto o nom estarem diluidas em dinámicas de ámbito espanhol. Pola contra, as reivindicaçons específicas dos povos sem estado nom tivérom o 22-M um papel mais que anedótico, ao igual que ocorrerá nos próximos meses em que se pretenderá seguir a atuar em base a umha agenda de mobilizaçons decidida nas reunions celebradas a nível estatal que as delegaçons auto- nómicas irám desenvolvendo. Do mesmo modo que com o 15-M, trata-se de gerar de novo umha dinámica mobilizadora com epicentro na capital espanhola.

Às vezes argumenta-se que assumir o marco espanhol de luita é umha necessidade prática para aumentar a efetividade da resposta, e que obviar as diferentes realidades nacionais é um mal menor para o fim superior de enfrontar os ataques do goberno central. Esse é de feito o principal mantra das organizaçons sindicais ou estudantís espanholas que praticam aqui o seu sucursalismo. Frente a esse discurso, avonda constatar como nos  últimos meses o movimento feminista está a dar um óptimo exemplo de como desde marcos nacionais (galego, catalám ou basco) pode dar-se umha resposta contundente, coerente e criativa contra umha agresom como é a Lei do Aborto, sem por isso submeter-nos a ritmos externos. Olhemos para a luita sindical, onde Galiza e Euskal Herria demonstram que os ámbitos nacionais som os mais favoráveis para conseguir mobilizar a nossa classe. Nom é casual que umha das reivindicaçons fundacionais do sindicalismo nacionalista seja a de dotar-nos dum marco própio de relaçons laborais, conscientes da ligaçom entre capacidade de decissom e avances sociais.

Defender umha fictícia unidade de classe -que nunca passa dos Pireneus ou o Minho- nom pode ser a escusa para abandonar reivindicaçons nacionais que paradoxalmente hoje resultam incómodas nom só para setores sempre enquadrados num mal dissimulado espanholismo, mas também para alguns que se dim até independentistas. A solidariedade que nós defendemos constroi-se em pé de igualdade, desde os povoscomo sujeitos soberanos, nom subordinando-nos a um ámbito estatal de decisom (quer no eleitoral, quer no social) que nunca vai contar com a nossa realidade. Para os povos sem estado como o nosso tomar como referencial o campo de jogo do inimigo implica reforçá-lo e portanto atrasar o nosso própio projeto de emancipaçom. Por isso seria mui negativo que daqui em diante a agenda política de parte do soberanismo seja marcada desde Madrid, só para legitimar socialmente umha rendível aliança eleitoral co reformismo espanhol.

De igual modo que nom é útil para nós esse marco estatal de luita, tam puco o som os fins que di perseguir. Nada ganhamos num suposto com bate por um processo constuínte espanhol ou agitando a nossa bandeira entre tricolores espanholas. A reivindicaçom da III república quiçá tenha potencial transformador em Madrid, mas nom tem nengum aqui. Mais bem ao contrário. Frente a isso, o processo constituínte que nós defendemos será galego e só pode chegar pola via da ativaçom popular em chave soberanista. Os passos dados polo povo catalám deixam bem claro qual é o único espaço no que hoje existem horizontes realistas dum processo de mudança, de construir umha nova república (nom espanhola, mas precisamente rompendo com Espanha). Hoje é já inegável que qualquer projeto viável de transformaçom social passa pola conquista da soberania, e que as estratégias independentistas protagonizados polas classes populares som as que mais podem debilitar o estado e formular um projeto viável de mudança também no plano social.

Por isso seguimos a defender um marco autónomo de luita de classes: nom por teimas chovinistas, mas porque pensamos que é a via mais coerente e mais efetiva para transformar a realidade, para o qual a ruptura democrática com Espanha é um passo imprescindível. Ter isso claro nom implica distanciamento nem falta de solidariedade com outros povos, nem com quem luita no coraçom do decadente império. Nom nos une a eles naçom mas sim a classe, por isso todo o nosso apoio internacionalista a quem queira ou tenha que jogar nesse marco, mas nom é o nosso e nom é legítimo que no-lo tentem impor aos povos que tentamos criar dinámicas próprias. Emancipar a nossa naçom e fazer a nossa própria revoluçom será a melhor contribuiçom à luita das classes oprimidas em todo o planeta, começando polas do próprio estado espanhol.

Hoje mais que nunca devemos acreditar nas possibilidades do povo galego para seguir autoorganizando-se e rachar com este sistema. Confiar nas próprias forças é condiçom imprescindível para a vitória, por sso nom podemos sacrificar a necessária  via galega à emancipaçom nacional e social obrigando-nos a jogar num campo alheio onde temos mui pouco que ganhar.

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