Entrevista a Liska!

por estar acima do cenário temos umha responsabilidade maior com a nossa classe e o nosso povo na denúncia pública de todas essas problemáticas

Liska! é umha das bandas de referência desse fenómeno musical galego que desde hai pouco mais dumha década vai além da visom folclorista da cultura do país e aposta por outro modo de estar no mundo. Letras de compromisso e umha combinaçom de ska, punk e reagge a nove maos — falamos com os seus membros sobre o que hai à volta e o que se necessita para avançar.

Liska! nasceu no ano 2010 mas nom foi até 2012 quando se consolidou. Que valoraçom fazedes destes anos e que projetos de futuro tendes?

Liska! começou a formar-se entre finais de 2010 e 2011 em Vigo. O 2012 foi um ano de rodagem com concertos em salas e centros sociais do país que serviu para gravar o primeiro trabalho da banda, “Sonhos de raiva”, em março de 2013. Em 2014 chegou o primeiro videoclipe acompanhado da ediçom em formato digital dumha banda desenhada, e que no ano seguinte chegaria a ser selecionado para a fase final do festival de Cans. Neste mesmo ano, após mudanças na formaçom, reforçamos a aposta com um novo tema, “Bágoas de sal” e um videoclipe com formato making of. Já neste ano 2016, um novo trabalho está pronto para sair à rua graças ao esforço e tenacidade da nova formaçom.

Com esta bagagem e todos os problemas que nos fôrom surgindo polo caminho, achamos que podemos estar bem satisfeitas do trabalho realizado, embora nom nos conformemos. Sempre temos que ter em conta que estamos a falar dumha banda numerosa, até nove membros na atualidade, maioritariamente formada por trabalhadoras que nom vivemos disto e com ocupaçons e tarefas diárias que nos limitam muito o tempo disponível para o projeto.

Ora, a nossa intençom é continuar a fazer música desde a base, acompanhando com ela à Galiza que se organiza e luita. Esse e nom outro é o nosso leitmotiv particular.

Em ocasions explicastes que o monolinguismo e a denúncia social som os vossos sinais de identidade. As problemáticas que sofremos como naçom e como classe nom desaparecem no cenário.

É claro que nom desaparecem. Somos galegas e trabalhadoras acima e embaixo do cenário. E nom só, ainda por estar acima do cenário temos umha responsabilidade maior com a nossa classe e o nosso povo na denúncia pública de todas essas problemáticas, isso é algo que nom podemos obviar. Se a qualquer banda lhe retiras esse conteúdo, aí terás um altofalante do sistema. A música é umha expressom cultural que nom admite neutralidades.

Nessa linha, existe umha rede crescente de bandas em galego mas o consumo é maioritariamente em espanhol. Precisamos de algum tipo de estrutura musical galega para transformar esta situaçom?

O panorama mudou, e muito, na última década. Hoje temos bandas a utilizar só a nossa língua em praticamente qualquer estilo. De umha marginalidade manifesta de fai dez ou quinze anos passamos a umha muito ótima situaçom. Temos um potencial enorme neste campo que ainda nom está a ser aproveitado como se devera. A nível de festivais, o nascimento da Fegafe, a Federaçom galega de festivais, constitui um passo adiante nesta direçom, mas insuficiente. A nível de bandas, os problemas com os que te encontras manifestam a necessidade dumha organizaçom que regule dalgumha maneira isto para nom continuar a perjudicar-nos entre nós como está a suceder. É evidente que é necessária essa estrutura, mas ela nom devera traer só um empoderamento do nosso idioma frente ao castelhano para podermos reverter o seu consumo neste terreno, também deveria ajudar e facilitar o trabalho das bandas para estas nom terem tantos problemas de subsistência. Afinal, quanto mais melhoremos a coordenaçom e a organizaçom entre nós, mais música e de maior qualidade estaremos em condiçom de oferecer ao público, e isto à sua vez incidirá na balança do consumo.

No ámbito cultural galego existe o debate da subvençom frente a construçom dumha política cultural de base apoiada polas instituiçons. Como conjugá-lo?

É um debate que sempre estivo acima da mesa em todas as associaçons com vontade de fazer trabalho cultural neste país. Devemos fugir dos purismos e das verdades absolutas, porque tem-se demostrado sobejamente na prática que se tenhem realizado grandes trabalhos e avançado em muitas cousas com quaisquer das fórmulas escolhidas.

Em primeiro lugar depende da funcionalidade da associaçom cultural em questom. Pode haver associaçons nas que polo seu papel a jogar seja mais fatível viver com essa dependência e menos importante que poida chegar um dia no que fechem a bilha complicando assi a sua existência. Haverá outras associaçons a desempenhar papéis de muita mais transcendência e importáncia que si deveriam blindar a sua existência e permanência no tempo ponhendo-se a salvo destas práticas. Umha terceira opçom pode ser a de aproveitar na medida que se puder a subvençom, deixando margem no livro de contas para a subsistência no caso de nom contar com ela. Em qualquer dos casos a importáncia está na consciência de sabermos em maos de quem estamos a cada momento e de analisar os prós e os contras sem perdermos o norte.

Desfolclorizar a cultura é umha tarefa pendente mesmo em espaços a priori mais consciencializados. Como reverter esta visom?

O nascimento de Vozes Ceives em finais dos anos sessenta do século passado já levava implícito nas suas bases definitórias ser umha música esteticamente afastada da música tradicional, entendida esta como “folclorista” e sendo empregada como instrumento do regime através dos “Coros y Danzas” da seçom feminina. Hoje em dia enfrentamos a problemática desde parámetros distintos. O regime já nom instrumentaliza a música tradicional como vinha fazendo, ou polo menos nom na mesma medida. O que si podemos advertir hoje é que esse espaço de folclorizaçom que está fazendo tanto dano à cultura do país foi ocupado polas orquestras que utilizam as verbenas para inocular no povo os valores do sistema. Esse é hoje o nosso verdadeiro problema.

Em espaços a priori mais consciencializados a problemática é bem distinta, porque aí a responsabilidade de encaminhar a situaçom é mais bem da organizaçom ou organizaçons de ativistas ou militantes que trabalham nesse terreno.

Comparte:

Share on facebook
Share on twitter
Share on whatsapp
Share on telegram

As últimas entradas

Arredista en papel nº21

Data: xullo de 2021 Esta novo número do ‘Arredista!’, ademais de cumprir co habitual número que lanzamos o Día da Patria, supón o décimo aniversario na súa edición ininterrompida desde aquel primeiro número en xullo de 2009. Nesta andaina a

Arredista en papel nº20

Data: xullo de 2018 Van xa vinte números desde que, en 2009, decidimos criar a revista Arredista! como espazo de comunicación do Movemento Galego ao Socialismo. Nas súas follas, que foron saíndo cumpridamente a cada Primeiro de Maio e a

Arredista en papel nº19

Data: maio de 2018 Hai un mundo onde, hoxe — mentres les este editorial —, habería unha nova república a nacer aos pés do Mediterráneo. Nese mundo, as persoas non son encarceradas por defenderen a soberanía dos seus países, nen

Arredista en papel nº18

Data: xullo de 2017 Neste novo Día da Patria o noso país continúa sumido nas consecuencias da crise, a pesar da propaganda dos gobernos galego e estatal sobre unha suposta recuperación. Analizamos, pois, de forma demorada, os pasos que desde