Entrevista a Fenda

Madrid é sempre sinónimo de poder afastado e de interesses coloniais para a Galiza mas, no seu centro, a comunidade galega expatriada também se organiza hoje, como noutra época figérom os grupos Brais Pinto ou Lostrego. A nova aposta é Fenda – Embaixada Popular Galega, e para saber mais dela falamos com dous dos seus membros: Sara Murados e Júlio Conde.

ambicionamos espalhar a realidade galega em Madrid, tentando superar os tópicos e mostrando a realidade que nom chega desde os meios de comunicaçom tradicionais: a de um povo combativo e orgulhoso de si próprio — se for mui longo, versom mais curta: “ambicionamos espalhar a realidade galega em Madrid, mostrando um povo combativo e orgulhoso de si próprio”. 

O vosso coletivo constituiu-se há pouco mais de dous anos em Madrid. Com que fins e objetivos?

Os nossos objetivos poderíamos agrupá-los em três grandes áreas.

Por umha banda, nascemos com um objetivo bastante ambicioso: o de organizar a comunidade galega em Madrid, para trabalhar com perspectiva política e tentando contribuir desde a diáspora a fazer de Galiza umha sociedade mais justa. Isto fundamentalmente nos diferencia da maioria de coletivos organizados de galegos, meramente folclóricos, ou incluso, convertidos em negócios como o ‘Centro Gallego de Madrid’. Vemos necessário organizar-nos e continuar com o trabalho histórico que iniciou o grupo Brais Pinto e continuou posteriormente Lostrego-Irmandade Galega, e que por desgraça, nom tivo continuidade temporal desde o início do novo milénio. 

Por outra banda, ambicionamos espalhar a realidade galega em Madrid, tentando superar os tópicos que a sociedade madrilenha tem das galegas, mostrando a realidade que nom chega desde os meios de comunicaçom tradicionais: a de um povo combativo e orgulhoso de si próprio. 

E por último, também gostaríamos de fazer de ponte entre Galiza e Madrid acolhendo atividades culturais do país. Já que estamos inseridas numha pequena rede de contatos em Madrid, podemos dar acobilho à gente da cultura galega que esteja interessada em fazer atos em Madrid. Ademais, tentamos também criar umha espécie de ‘agenda cultural galega’ em Madrid, dando publicidade entre a comunidade galega — e nom galega — de Madrid para contribuir ao bom sucesso dos atos dos nossos compatriotas.

Que tipo de atividades desenvolvestes neste tempo?

Tentamos combinar atividades divulgativas sobre a realidade galega, formativas e, por suposto, também lúdicas! Deste jeito, durante estes dous anos tivemos apresentaçons de livros de ámbitos diversos como história ou política, organizando atos com autores como Carlos Taibo ou Uxio-Breogán Dieguez. 

Dado que também participamos como coletivo no centro social autogestionado 3peces3, no bairro de Lavapiés, de forma periódica também projetamos filmes e documentários galegos. Tentamos escolher temáticas que, bem por atualidade ou por impacto, espertem interesse nesse momento. Temos organizado atos com visionados sobre a vaga de lumes, sobre as problemáticas da emigraçom, a história do nosso país ou ao redor da realidade nacional galega. Tivemos também encontros com personalidades da cultura galega, como Sés ou Margarida Ledo, com boa assistência.

Também é certo que as nossas festas estám começando a ter certa a sona no bairro de Lavapiés! Normalmente organizamo-las em datas assinaladas como o Magusto ou o Dia das Letras Galegas, sempre com a intençom de que tenham também umha importante carga reivindicativa. Por exemplo, o dia das letras aproveitamos para mostrar a problemática e a realidade social da nossa língua, mentres que no magusto aproveitamos para informar da situaçom dos nossos bosques e o nosso meio natural.

A presença organizada da emigraçom galega associa-se polo geral aos “centros galegos” e estruturas similares. Que papel jogam este tipo de instituiçons e em que vos diferenciardes delas?

Na cidade de Madrid polo geral oferecem unicamente umha visom meramente folclórica de Galiza e som puras estruturas de poder com interesses políticos ou económicos. Fora da própria Madrid, nas cidades metropolitanas, também é certo que si existem vários centros galegos nos que a assistência é algo numerosa e de caráter popular. Mas som contados os eventos organizados por estes centros que vaiam mais aló da música tradicional ou das citas gastronômicas.

A nossa organizaçom nom está vinculada a nengumha organizaçom política, ainda que algumhas de nós somos militantes de diferentes organizaçons. Ademais somos um coletivo assemblear e absolutamente horizontal, e, por riba de todo, a nossa finalidade é a de mostrar a sociedade galega combativa e com afám transformador. E todo isto tentamos que se veja refletido na nossa atividade.

Qual é a vossa relaçom co tecido social da cidade?

Tentamos fundamentalmente participar de iniciativas de outros coletivos de expatriadas na cidade a fim de abrir canles de comunicaçom com outros povos do mundo. Mais dentro das nossas possibilidades também formamos parte de plataformas que se identificam com os nossos valores: da esquerda, o feminismo, o ecologismo e o combate a toda forma de opressom ou discriminaçom.

Em geral, a aceitaçom do nosso coletivo por parte doutros coletivos em Madrid é mui boa. Ainda que também tenhamos detectado um grande desconhecimento da realidade social do nosso país e, em geral, do resto de povos do estado. Neste senso, é certo que o tecido associativo de Madrid também se vê como ‘capital’ e como a vanguarda em qualquer tipo de loita, que lhes atinja territorialmente ou nom. Fica trabalho pendente pola nossa banda no espalhamento da imagem da Galiza combativa e orgulhosa de si mesma; e também pedagógico para que, na medida das nossas possibilidades, podamos fazer compreender que Madrid nom tem que ser a vanguarda de nengumha luita simplesmente porque seja o centro do poder político do estado, algo que achamos que é essencial em coletivos que podem ser afins ou solidários com as nossas luitas. Tentaremos que com o trabalho de Fenda isto vaia mudando algo! 

Qual é a realidade e as principais problemáticas que afetam a emigraçom galega numha cidade como Madrid? Vedes diferenças entre o perfil atual da diáspora galega e o de décadas passadas?

No fundo non há tanta diferença, mais sim nas formas. Querem vender-nos umha ‘mobilidade’ que nom tem causas políticas, mas os problemas de fundo seguem a ser os mesmos. O nosso país segue a estar empobrecido e cada vez mais desabitado. 

O que sim detectamos é que, em geral, a gente pode que esteja menos organizada e mobilizada, algo que podemos dizer que é comum no tempo no que vivemos, no que em geral a vida em comunidade é mais limitada. Mais o que sim que pode ser certo é que entre a mocidade galega, está a se sentir mais identificada com a ‘cultura espanhola’ devido a cada vez mais preocupante fenda da transmissom do nosso idioma ou que as alternativas de ócio sejam exclusivamente em espanhol. Em consequência, cremos que pode contribuir a um menor interesse por se organizar num coletivo que promove a realidade nacional galega como diferente da espanhola. Ainda que, por sorte, às vezes também ocorre ao contrário e algumha gente começa a sentir real a diferença quando está fora do país!

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