Entrevista a Elia Lago

Ademais de procurar converter-nos em mao de obra barata, na Galiza o ensino, desenhado fora, sempre tivo vontade de aplacar a diferença mediante a negaçom.

Élia Lago é estudante de Filologia Galega em Compostela e desde a sua fundaçom faI parte do Conselho Nacional de Erguer-Estudantes da Galiza, organizaçom unitária do estudantado independentista que recentemente convocou com sucesso a sua primeira greve geral.

Há uns anos falávamos do nascimento da Liga Estudantil Galega. Agora, um processo de unidade estudantil deu lugar a Erguer – Estudantes da Galiza. Como foi esse processo?

Daquela eram as divisons dentro dos Comités as que animavam a várias companheiras a auto organizar-se baixo outro projecto estudantil para garantir umha resposta desde a democracia interna e o assemblearismo aos ataques do capital ao ensino público. Se naquele tempo a criaçom da Liga fazia sentido para luitar polos problemas reais do estudantado, primando o compromisso polo comum sobre umha marca, e assim se demonstrou com a filiaçom e a acolhida que obtivo nos diversos campus, chegou o momento no que deviamos fazer efectiva, as estudantes que nom vivemos o processo de cisom e sim vivemos o período de unidade de acçom entre as três organizaçons, a unidade orgánica que vinha figurando nos textos da LEG desde a sua Assembleia Nacional Constituinte.

Em tempos de desmobilizaçom geral, de confiança na via institucional sobre outras formas de vindicaçom, o movimento estudantil experimentou também um forte paro. Este foi um ponto de inflexom em que as pessoas que conformavamos as organizaçons estudantis decidimos pôr a um lado anos de competiçom e valorar o treito que vinhamos caminhando juntas, começando a esboçar a nova organizaçom unitária que precisava o país. Assim nasceu o processo aberto de debate das Assembleias de Base. Organizando o estudantado Galego, estendido a todas as cidades e várias vilas da Galiza, para constituir logo umha organizaçom baixo os princípios do independentismo, o feminismo e o anticapitalismo. Nesse objectivo pugemos a vista e, meio ano depois, acordamos constituir-nos, sem renunciar a nengum dos mínimos que caracterizava a Liga Estudantil Galega e como garante dumha organizaçom firme, numha Assembleia Nacional no 5 de março que levaria como legenda “Libera e transforma Galiza desde as aulas”. Dessa jornada de debate intenso e de conhecermo-nos as novas companheiras nasceu Erguer. Estudantes da Galiza para luitar por um ensino público ao que acedamos todas, ao serviço do povo galego e que aspire a erradicar o patriarcado das nossas aulas e ruas.

Como valoras esse processo de unificaçom e quais som os vossos referentes históricos?

É um facto que a unidade orgânica acadada no âmbito estudantil é um fito no panorama político galego recente: estudantes de diferentes casas unimo-nos para luitar polo mesmo. Se bem é certo que o caminho até aqui nom foi doado por nom compartir o total da organizaçom o projecto que se apresentava com as Assembleas de Base, penso que podemos estar orgulhosas de ter logrado a unidade, sabendo que é um bom exemplo para o resto de movimentos nacional-populares do país.

Como a Liga no seu momento e as outras duas organizaçons estudantis galegas que dérom lugar a Erguer, tomamos como exemplo a actividade de ERGA ou dos CAF e CAE, procurando um modelo de ensino semelhante e adaptado aos nossos tempos e analisando as problemáticas desde a perspectiva de naçom e classe da que fazemos parte.

Que projecto de ensino e de país defende a nova organizaçom?

Recolhendo o carácter das três organizaçons que dérom lugar a Erguer, a nova organizaçom pretende alcançar um ensino público, ao que todas as pessoas tenhamos acesso independentemente da renda, que se centre na aprendizagem científica e crítica para formar pessoas conscientes e nom autómatas, com o feminismo por bandeira para desterrar as violências machistas dos nossos centros, com Galiza como marco e com o galego como língua central.

Quais som as principais consequências no ensino de nom ter soberania

Se bem é certo que o sistema educativo procura fazer-nos mam de obra barata tanto aqui como em Madrid -por exemplo-, aqui o ensino, desenhado fora, sempre tivo vontade de aplacar a diferença mediante a negaçom da nossa língua ou a nossa história. Temos necessidades específicas porque somos um país diferenciado; necesitamos gestionar os nossos recursos -como o é a educaçom- e isso passa necessariamente pola independência. Non podemos conformar-nos com conseguir melhoras unicamente, devemos ter em mente o projecto de ensino que cremos ideal, e esse só poderá ser fora do capitalismo, do patriarcado e do Estado espanhol.

O passado dia 13 de abril o estudantado galego saiu à rua contra a LOMQE e o chamado 3+2. Poderias explicar brevemente em que consistem?

A LOMQE (Lei Orgánica para a Melhora da Qualidade Educativa) introduze provas a finais de cada ciclo educativo, as chamadas ‘reválidas’, para conseguir o título de Secundária e Bacharelato. Centraliza-se a eleiçom de contidos, tendo os poderes autonómicos ainda menos peso que agora. As matérias troncais cobram mais importáncia sobre as específicas e, ademais de diminuir estas línguas em detrimento do castelhano, duplicarám-se as matérias numha língua estrangeira, renovando muitas vezes professorado que nom seja competente nestas. Outra novidade é o ataque à laicidade do ensino, pois a religiom passa a contar no expediente, o que influe à hora de pedir umha bolsa para poder continuar os estudos, ou mesmo as ajudas que se poderám conceder a colégios concertados que segregam por género.

No caso do decreto 3+2, que está dentro da Estratégia Universidade 2020 (EU2020), reduzem-se os anos de grau para ampliar os de mestrado, com um custo bastante superior, sendo imprescindível cursálos para obter um título válido no mundo laboral. Isso se o grau que queres estudar lhes parece útil, porque há carreiras que serám fusionadas ou mesmo suprimidas, da rama das humanidades e as artes em grande parte.

Com que presença contades já nos centros de ensino?

Após a nossa Assembleia Nacional Constituinte contavamos com seis zonas activas, mas com o galho da convocatória de greve logramos mobilizar o estudantado de até 18 cidades e vilas do país, polo que esse número será rapidamente ampliado, tecendo umha rede de zonas por todo o país. Esta é umha moi boa nova, pois estamos logrando que o movimento estudantil chegue mais alá das cidades e da universidade, principal eiva das organizaçons nestes últimos anos. Ademais de organizar alunado de Ensino Médio, também estamos incorporando estudantes de Formaçom Profissional e da UNED, podendo constituir assembleias específicas desses estudos.

Esta é umha oportunidade de ouro para aglutinar o estudantado de todo o país num projecto com um grande potencial, que sem dúvida será funcional e será chave no movimento de libertaçom nacional, anticapitalista e feminista.

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